sexta-feira, 14 de março de 2014

7 mitos sobre o Sexo Adulto

Na cultura ocidental, o sexo está normalmente conotado com a juventude. Os anúncios insinuam sugestões e promessas, a comunicação social e a indústria de lazer fabricam uma imagem de divertimento de que os mais velhos foram excluídos. Tem-se direito a um ingresso no mundo do prazer desde que se seja jovem e se leve uma vida de solteiro frenética.
É um erro. Toda a gente tem direito ao sexo e oportunidades, pois a sexualidade e o instinto duram pela vida fora. «A idade não é um impedimento ao prazer», garante Tuula Emas, terapeuta sexual da Sexual Health and Couples Relationship Clinic, de Erenova, Vaasa. «As pessoas mais velhas também têm necessidades e têm direito a uma vida totalmente equilibrada, incluindo sexo com prazer.» .
Muitas pessoas só atingem o equilíbrio sexual quando chegam à terceira idade. «Muitas mulheres não se dão conta da sua sexualidade antes dos 40 anos, e muitas outras só a partir dos 50 anos», diz Maija Kajan, ginecologista do Tampere Gynecological and Urological Centre. «A obsessão do desempenho, a preocupação de ser bom e a necessidade de afirmação vão desaparecendo à medida que a idade avança», diz Kajan.
E quanto aos homens? As novas drogas que ajudam a erecção são uma solução apenas parcial, pois tanto a experiência como a autoconfiança adquiridas com a idade ajudam muitos homens a encontrar novos prazeres na sexualidade. «Um homem com mais idade liberta-se da mania do sexo “tecnicamente” perfeito ou orientado para o desempenho e vive a sua sexualidade de forma mais espiritual e emocional do que antes», diz Tuula Emas.
As mudanças trazidas pela idade tornam muitas vezes a vida sexual mais difícil. Um das desordens típicas dos homens é a disfunção eréctil causada por doença, e é nesse momento que procuram o urologista. Por sua vez, as mulheres queixam-se ao ginecologista de que têm relações sexuais dolorosas. Estes incómodos são, contudo, relativamente fáceis de tratar.
Os problemas sexuais nem sempre estão entre as pernas, mas antes entre os dois ouvidos. As nossas atitudes e preconceitos e os das pessoas que nos rodeiam reduzem muitas vezes as ocasiões durante os chamados anos de ouro. Como se isto não bastasse, muitas pessoas sentem vergonha das suas necessidades. Nestas páginas, especialistas médicos desfazem sete mitos sobre sexo adulto.

Mito 1:
O sexo e o desejo sexual são vergonhosos
Na nossa cultura, que vive para um ideal de juventude, a sexualidade das pessoas com mais de 50 anos é quase um tabu. O sexo pertence à juventude: os feios, os velhos e os fracos nem devem pensar nisso. Muitas pessoas sentem que não têm o direito de desfrutar da sua sexualidade. «Os baby boomers e a geração precedente cresceram numa cultura sexual totalmente negativa», diz Tuula Emas.
A maior parte dessas pessoas está preocupada com o seu corpo. As mulheres lamentam a beleza perdida e não conseguem conviver com um corpo que se modificou com o passar dos anos: «Quem é que ainda ia interessar-se por uma mulher flácida?» Da mesma maneira, os homens que sofrem de disfunção eréctil facilmente perdem a auto-estima. «Já não presto para nada.» Nos piores dos casos, as pessoas decidem que a sua vida sexual chegou ao fim porque acham que «já não têm idade».
De acordo com vários estudos, entre 20 e 50% das mulheres na idade da menopausa experimentam disfunções psicossexuais com inibição do desejo sexual. Ao envelhecerem, os homens mantêm um desejo sexual mais acentuado do que as mulheres, porque a vida sexual do homem, mesmo que bastante idoso, é mais bem aceite pela nossa cultura. As novas drogas que provocam a erecção oferecem oportunidades inesperadas na vida sexual dos «panteras grisalhos».
As mulheres têm que enfrentar pressões relativas ao seu papel na sociedade. «Por exemplo, muitas das expectativas e funções relacionadas com a maternidade poderão tornar-se num pesado fardo para a mulher», diz Emas. «Poderá uma avó ser também uma mulher ardente e sexualmente activa?» Claro que pode. A geração que tomou parte na revolução sexual dos anos 60 não pode subscrever os velhos modelos e atitudes.

Mito 2:
O desejo desaparece quando a actividade hormonal se altera.
Durante a menopausa, a produção de estrogénios, por outras palavras, as hormonas femininas, diminui gradualmente, até que por fim cessa. Contudo, este facto não reduz o apetite sexual, muito pelo contrário, às vezes aumenta-o.
Quando cessa a produção de hormonas femininas, os ovários continuam a produzir hormonas masculinas, ou seja, a testosterona. «O equilíbrio hormonal feminino altera-se gradualmente, até se tornar predominantemente testosterona», diz Kajan. «Nas mulheres mais idosas, esse aumento relativo pode aumentar a actividade sexual. Muitos homens surpreendem-se quando a sua companheira se torna mais activa.»
Embora o decréscimo da produção de estrogénios não diminua o apetite sexual, a menopausa pode tornar a mulher sexualmente passiva. O fenomeno é, na maior parte das vezes, psicológico. «Com o envelhecimento, a relação das mulheres com o seu próprio corpo torna-se muitas vezes problemática», diz Tuula Emas. A cultura comercial admira e usa corpos jovens de mulher, o que faz que as mulheres de idade façam de si próprias uma avaliação negativa. Independentemente da idade, é sempre importante para uma mulher sentir que ainda é bonita e desejável. Deveria aceitar o seu corpo e sentir-se bem nele. Muitas vezes, isso bastará para que o desejo sexual volte.
Também os homens passam pela andropausa, embora esta seja mais tardia do que a menopausa. A produção de testosterona começa a diminuir por volta dos 40 anos e os verdadeiros sintomas da andropausa aparecem por volta dos 60 anos. «A diminuição da testosterona pode causar no homem sintomas idênticos aos da menopausa da mulher: suores, depressão, decréscimo da produtividade no trabalho e do poder de concentração», diz o Prof. Olavi Lukkarinen, urologista do Oulu Diaconess Institute.
A alteração da actividade hormonal também tem efeitos na vida sexual. «O primeiro sintoma é a diminuição do apetite sexual», diz Lukkarinen. «Os homens podem começar a evitar as respectivas mulheres, a não tomarem a iniciativa e a ignorar as insinuações das suas parceiras. Nos piores casos, a intimidade com as esposas sofre a todos os níveis.»
Embora a diminuição da testosterona faça diminuir o desejo sexual, há grandes diferenças de caso para caso. Algumas doenças, como os problemas da próstata ou a hipertensão, podem ter um efeito maior na diminuição do desejo sexual do que o decréscimo do nível hormonal. Fumar, beber álcool em excesso, bem como a hipertensão e o stress, podem também resultar em diminuição do desejo sexual.
Nos últimos anos, as terapias de substituição das hormonas masculinas têm-se tornado comuns. «Têm um efeito positivo não só na vida sexual como no bem-estar dos homens: melhoram a produtividade no trabalho, a actividade e a mente», diz Lukkarinen. «Ultimamente, tenho recomendado aos homens um gel que devem massajar na pele de manhã. Quase não tem efeitos adversos se a dosagem for correcta.» Há quem adquira testosterona proveniente de fontes ilegais, mas Lukkarinen adverte contra esses produtos: «O uso indiscriminado destas substâncias pode produzir efeitos secundários graves, como, por exemplo, coágulos de sangue e lesões hepáticas.»

Mito 3:
Os problemas de erecção aparecem com a idade
Todos os homens sofrem ocasionalmente de disfunção eréctil numa altura ou outra das suas vidas. A probabilidade de estes problemas surgirem aumenta à medida que se avança na idade. «Um estudo levado a cabo recentemente em 20 países mostrou que a disfunção eréctil é comum em todo o Mundo», diz Olavi Lukkarinen. «Cerca de 35% dos homens entre os 40 e os 70 anos sofrem de problemas de potência. Quanto mais avançada é a idade, mais comum se torna a doença.»
A disfunção eréctil não é, porém, consequência da idade, mas sim de alguma doença por detrás dela. De acordo com estudos efectuados, 75% das disfunções advêm de algum problema orgânico, e 25%, de factores físicos, diz Lukkarinen. «Na grande maioria, os homens que sofrem deste problema sofrem também de diabetes, doenças das artérias coronárias ou hipertensão. As depressões de longo prazo também os predispõem a sofrer de disfunção eréctil.»
Muitas vezes, a disfunção eréctil está relacionada com um problema de nível de vida. O tabaco, o excesso de álcool, a falta de exercício, o peso excessivo e o colesterol elevado são causas directas de impotência. Um homem saudável e activo é também mais activo na cama.
Existem vários tratamentos para a disfunção eréctil. O viagra é a droga mais conhecida do Mundo, mas existem mais dois medicamentos, Cialis e Levitra. «Todos eles são medicamentos de receita médica e têm basicamente o mesmo efeito», diz Lukkarinen. «São fármacos excelentes e quase não provocam efeitos secundários, podendo, no máximo, provocar uma dor de cabeça ... e uma certa inveja.»
Mas estes comprimidos não servem para toda a gente. Por exemplo, quem esteja a fazer «nitro» para o coração deve escolher outra solução. «Muitos dos meus pacientes fazem um tratamento injectável», diz Lukkarinen. «Outros usam um fármaco chamado Muse, que é introduzido na uretra por meio de uma pipeta.» Existem outras alternativas, como a bomba de vácuo e o anel de erecção, «que são boas alternativas aos fármacos», segundo Lukkarinen. «Após obter a erecção com a bomba de vácuo, o homem pode introduzir na base do pénis um anel de erecção e assim conseguir mantê-la.»
Uma disfunção eréctil grave pode também ser tratada por meio de uma operação, pela qual é introduzido no pénis um implante ajustável. «Quando em descanso, esta prótese é invisível. Com a ajuda de uma bomba no escroto, o homem consegue ter uma erecção quando necessário. Também, neste caso, tanto a sensibilidade como a capacidade de ter um orgasmo são preservadas», diz Lukkarinen.
Mesmo que o homem não tenha problemas de impotência, à medida que avança na idade a sua erecção torna-se diferente do que era quando estava na casa dos 20 anos. Quando se é jovem, a erecção acontece «só de se pensar nisso», mas quando se envelhece são necessários mais estímulos e carícias. Com a idade o arranque é mais lento, mas muitas vezes o processo dura mais tempo, apesar de o ângulo de erecção ser mais modesto do que era na juventude.
Mito 4:
A relação sexual é difícil e dolorosa
A cópula é para muitas mulheres literalmente uma via dolorosa. O sexo, outrora agradável , tornou-se com a idade uma inconveniência, o que retira toda a satisfação e reduz o desejo da mulher. «Um dos problemas típicos é a mucosa vaginal tornar-se seca», diz Maija Kajan. «Quando a produção de estrogénios diminui, as membranas mucosas de quase todas as mulheres tornam-se frágeis. Ficam sensíveis, inflamam-se facilmente e podem muito simplesmente impedir todo o prazer.
Há uma grande variedade de preparados de estrogénio para o tratamento de membranas mucosas sensíveis, tais como os supositórios vaginais Ovestin ou o creme Pausanol, que podem comprar-se em farmácias e que não necessitam de receita médica. «Estes preparados de estrogénio para uso tópico são seguros e raramente têm efeitos secundários», diz Maija Kajan. «As cápsulas vaginais Vagifem, vendidas com receita médica, são seguras e eficientes.»
Outra alternativa é o anel vaginal Estring. «O anel é colocado na vagina e da sua superfície brota lentamente uma pequena dose de estrogénio que tem um efeito tópico. O anel é mudado quatro vezes por ano e pode ser deixado na vagina sempre, mesmo durante a cópula.»
Se a mulher não quer recorrer a preparados de estrogénio, há inúmeros cremes e óleos lubrificantes. «Muitas mulheres acham divertido usá-los porque aumentam o prazer», diz Kajan. «É por isso que muitas usam cremes, mesmo sem precisarem deles.»
Frequentemente, a explicação de uma cópula dolorosa é simplesmente um parceiro desajeitado. «Os homens preocupam-se sobretudo com o desempenho e a cópula», diz Tuula Emas. «Uma mulher mais velha precisa de mais tempo, ternura e intimidade do que antes precisava.» Se a relação do casal não é boa, a medicação para a erecção tomada pelo homem pode traduzir-se num problema para a mulher.
«Às vezes, numa relação de longa duração, acontece os cônjuges afastarem-se e não terem relações sexuais durante muito tempo. Quando, numa situação como esta, o homem tem uma ocorrência de erecção, a cópula não será necessariamente agradável para a mulher se não há intimidade para além dela», diz Tuula Emas.

Mito 5:
Há várias doenças que arruínam a vida sexual
A diabetes sobrevinda em idade adulta, a hipertensão, as doenças cardiovasculares, as desordens da próstata e a esclerose múltipla são doenças comuns que afectam o funcionamento do organismo e da sexualidade. Algumas dessas doenças tolhem os movimentos e forçam os casais a aprenderem novas posições para uma relação sexual agradável. Os enfartes, algumas miopatias, a esclerose múltipla e as lesões da medula espinal afectam o controle das funções orgânicas. «Se é certo que as doenças trazem limitações, elas não são sinónimo de desistir do sexo», diz Emas. «Os cônjuges têm que falar aberta e honestamente sobre as suas necessidades e desejos.»
Adoecer pode também significar uma mudança de papéis no casal. «Quando um dos cônjuges adoece, é fácil o casamento tornar-se uma relação de enfermagem», diz Kajan. A pessoa doente pode enroscar-se no casulo da sua infelicidade e deixar de sentir-se desejável. Mas também acontece que a doença de um solidifique e sane uma relação.
As desordens restringem a vida sexual menos do que geralmente se crê. «Na maior parte dos casos, uma doença não é obstáculo para a cópula, que não exige esforço físico extremo», diz Maija Kajan. Até as doenças coronárias ou as sequelas de um enfarte do miocárdio só raramente proíbem o sexo. «As mais das vezes, o problema é de atitude: a doença provoca medo, timidez e depressão em nós próprios e no nosso parceiro.»
Se a cópula representa um risco para a saúde, os parceiros podem fazer sexo através de carícias. «As doenças não têm que afectar a experiência de intimidade», diz Tuula Emas. «Se o sexo com vista à cópula é difícil, se não resulta ou muito simplesmente não é querido, há ainda muitas alternativas. O sexo da terceira idade pode ser bem mais sofisticado que o dos jovens.»

Mito 6:
O envelhecimento mata os orgasmos
Com a idade, a circulação sanguínea enfraquece e a sensibilidade dos órgãos sexuais decresce. Homem e mulher passam a precisar de mais carícias e preliminares para se excitar. A menor sensibilidade requer também frequentemente estímulos maiores e mais prolongados das zonas erógenas para possibilitar o orgasmo. À medida que envelhece, a capacidade da mulher de ter um orgasmo pode diminuir, bem como a intensidade e duração do mesmo. «São questões muito individualizadas», diz Maija Kajan. «A experiência de um orgasmo na velhice pode ser muito diferente de quando se era jovem e muitas vezes mais satisfatória.»
O orgasmo é mais difícil de atingir nas mulheres do que nos homens, e um número significativo nunca o experimenta durante a cópula. «O orgasmo enfraquecido ou inexistente não deve, porém, reduzir o prazer da relação sexual», diz Tuula Emas. «O sexo é mais do que um desempenho atlético dirigido ao orgasmo. Sexo é o prazer da intimidade e a partilha de uma experiência mútua.»
Com a idade, a sensibilidade do pénis e, em especial, da glande diminui. Há homens que se afligem com isso, mas para muitos é uma agradável revelação, porque podem desfrutar mais o sexo sem a necessidade compulsiva de controlar uma ejaculação precoce.
O orgasmo de um homem de idade é diferente do de um jovem. «A força da ejaculação e a quantidade de esperma diminuem com a idade», diz Olavi Lukkarinen. «O orgasmo nem sempre é tão forte como na juventude, mas até indivíduos com mais de 80 anos conseguem ainda ejacular.»


Mito 7:
Sem cópula, o sexo não presta
Embora a capacidade sexual e os requisitos para a relação sexual enfraqueçam com a idade, pode trasformar-se isso numa mais-valia. «Estamos demasiado focados no orgasmo. Terá uma pessoa de setenta e tal anos que ter a mesma vida sexual de outra com menos de vinte anos?», pergunta Kajan. «Físico e psique mudam, e quando envelhecemos, podemos dizer adeus ao sexo focado no desempenho.»
Mas cada um é o melhor perito sobre a sua própria sexualidade. Se uma vida sem sexo o satisfaz, não há nada de anormal nisso. Maija Kajan incita também as pessoas a procurarem novas formas de se divertirem. «O gosto da aventura, um espírito aberto, um estudo ou exploração entusiásticos podem ser fontes de surpreendentes descobertas de vida.» Nunca é tarde demais para desfrutar do sexo.
 
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